Croácia 2016 (Lisboa-Saragoça-Nimes-Turim)




22 Dias, 8 paises, 9500 Kms, infinitas histórias para contar

Espanha, França, Mónaco, Itália, Eslovénia, Croácia, Bósnia e Suiça




A primeira ideia para esta viagem nem era bem estes locais, o destino era o Cabo Norte na Noruega. Era uma noite de Outubro, um jantar de amigos e eu dei a ideia de irmos no verão até à Noruega. Uns acharam boa ideia, outros acharam muito longe e a Ana disse, "ainda se fosse à Croácia, até eu era capaz de ir contigo". Assunto encerrado, vamos até à Croácia em Agosto do próximo ano (Agosto 2016).
A partir desse dia foi tentar juntar uns trocos para ajudar na viagem, e sem crer desde Outubro até meados de Julho consegui juntar na minha latinha que tinha uma nota de 200 euros gravada, a módica quantia de 1650 euros. A Ana e a Paula iriam de avião no dia 7 até Milão, onde eu e o Paulo estaríamos à espera das meninas.


Dia 1

Marisol - Saragoça


E chegou o grande dia, 4 de Agosto foi a data marcada para a partida, marcámos o Café Nautic na Marisol para o ponto de partida às 9 da manhã, vários amigos foram se despedir de nós e com alguns minutos de atraso lá arracámos para a grande aventura.


E lá arracámos nós, o objetivo era chegarmos a Saragoça onde iríamos pernoitar para o dia seguinte. Como tínhamos "alguma pressa" para chegar a Espanha e fizemos tudo em autoestrada até Badajoz, como foi tudo seguido a sede já era alguma e aproveitámos a paragem para atestar as meninas e atestámos também com a primeira imperial da viagem.E seguimos viagem com o calor apertar cada vez mais e chegou a hora do almoço e quando parámos o termómetro da mota marcava 40 graus. Almoçámos no mesmo restaurante onde almocei em Outubro de 2015 a quando da viagem até Madrid para ver a corrida de camiões para o campeonato da Europa.





Forças recuperadas e lá continuámos pelo calor infernal do centro de Espanha, fizemos várias paragens para recarregar líquidos e lá iamos avançando a caminho de Saragoça. Chegámos a Saragoça eram 21 horas, estava uma noite abafada e quente, deixámos as coisas no hotel e fomos dar uma volta pela parte antiga de Saragoça, atravessámos a Ponte de Pedra sobre o rio Ebro, a primeira construção no local é do século XII mas a actual ponte é do século XV. Ao longo dos anos foi sendo reforçada e algumas partes reconstruídas fruto da sua destruição em intempéries. A construção é feita em pedra de silhar e tem quatro arcos. Por ela passam carros (com uma faixa de rodagem apenas) e pessoas, é um excelente local para ter uma boa panorâmica da cidade de Zaragoça á beira rio. Numa zona onde vemos um pequeno miradouro, podemos ver uma cruz de homenagem a um religioso italiano Basilio Boggiero Spotorno, o Barão Warsage (um nobre e militar nascido em Zaragoça) e Santiago Sas (religioso da zona de Aragão). Na placa podemos ler que tanto Basilio como Santiago terão sido vilmente assassinados durante as Guerras de Independência que opunham França a Espanha. Os seus corpos terão sido atirados da ponte ao Rio Ebro. O Barão Warsage terá morrido no local onde colocaram a cruz, era comandante das tropas espanholas que resistiam á invasão francesa. 






Atravessámos a ponte para o lado da Catedral-Basílica de Nossa Senhora do Pilar, em Saragoça, é o maior templo barroco de Espanha.




Reza a lenda que a basílica fica no exato local onde Maria, mãe de Jesus, teria surgido ao apóstolo Tiago, em cima de um pilar ou coluna, quando este andava a pregar aos povos da Península Ibérica. É enorme assim como é énorme a sua beleza exterior, como era bastante tarde não tivemos oportunidade de a visitar. Voltarem um dia para a ver por dentro.





Aproveitámos uma das muitas esplanadas ali existentes bem em frente à Catedral para jantarmos e matarmos alguma sede, resta informar que foi uma das imperiais que melhor me caiu ao longo da viagem. 


O dia já ia longo, 940 kms feitos entre a Marisol e Saragoça, estava na hora do descanso e regressámos ao hotel onde as nossas meninas já descansava para o dia seguinte onde umas boas centenas de kms nos esperavam, o próximo destino seria, Nimes. 





Dia 2


Saragoça - Nimes 

Saimos do hotel e fomos dar uma volta pela zona onde tinhamos andado na noite anterior, o Paulo tinha compras a fazer, os tradicionais iman´s. Compras feitas lá seguimos viagem com o calor já a começar a fazer das suas. O percurso foi praticamente todo por estrada nacional até à fronteira com a França, almoçámos ainda em Espanha e aproximámos-nos da fronteira em Le Perthus, transito infernal para se atravessar a fronteira. Pensava eu antes de chegar mesmo à fronteira, "isto deve ser por causa dos atentados, vistorias apertadas aos carros que atravessam a fronteira", qual vistoria ? Passámos a fronteira sem mostrarmos nada, nem nos perguntaram por qualquer documento, a razão de toda aquela confusão é o comércio junto à fronteira, uma coisa louca, parece que o mundo vai acabar. E lá entrámos em território francês, a confusão tinha ficado para trás mas via-se muitos carros a irem em sua direção, resta dizer que era sexta feira, nem quero imaginar como será aos fins de semana. Uma coisa que aprendi, é que no sul de França no verão é impossível andar, nos principais centros e nas estradas que vão para lá, o transito é um autentico inferno, caravanas, carros carregados de tralhas, camiões etc. Entrámos na autoestrada para ver se recuperávamos um pouco do tempo perdido na confusão da fronteira e quando pensávamos que iríamos andar, qual andar qual carapuça, tudo parado. Ainda começámos a ir pelo meio dos carros com bastante cuidado, não fosse algum lembrar-se e mudar de faixa só para avançar um carro, mas o calor era muito, o sol por cima, o calor dos carros por baixo, fugi para a faixa da berma e lá fomos com cautelas e sem grande velocidade avançando uns kms, outros motociclistas faziam o mesmo, até que ia um espanhol à nossa frente e outro atrás de nós, e não é que depois de fazermos uma curva, surge na nossa frente um carro da polícia de transito francês, sinal de mandar encostar a todos. Um dos polícias vai para o meio do transito par ver onde se tinha metido o outro espanhol, entretanto o outro polícia olha para a matrícula das três motas e diz: "attendre que mon collègue". E ficámos ali à espera a ver qual a nossa sentença, lá saiu do meio do transito, depois de ter falado com o outro motociclista, vem em direção a mim com cara de poucos amigos e eu a pensar, "estou feito, começas bem a aventura em França", olhou para a mota, espreitou para a matrícula e falou no francenhol, "Lève-toi lá pero lá suivant levas multê". Como quem diz, vai-te lá embora mas para a próxima levas multa, e foi o que fizemos mas como meninos bem comportados fomos pelo meio dos carros e não voltamos andar na berma em França ... Claro. E andámos, andámos e chegámos ao anoitecer a Nimes, o hotel ficava mesmo no centro, junto à principal estação de comboios da cidade. Parámos as motas mesmo em frente ao hotel e fomos tratar do chek-in, o homem da receção não se preocupou minimamente em falar um pouco de inglês ou espanhol, deu as indicações todas em francês e é se queres o que vale é que eu e o Paulo somos uns poliglotas e quando não percebemos imaginamos, ahahahah. Nimes à noite pouco tem que ver, na zona onde estávamos e acabámos por dar uma volta a pé e jantarmos no Mc Donald´s. 



Dia 3

Nimes - Mónaco - Turim

O dia acordou quente, e nós acordámos com fome. Fomos até um supermercado que havia do outro lado da estação comprar o pequeno almoço e aproveitámos para observar a estação por dentro. Achei interessante a ligação entre uma arquitetura moderna e a original da estação. Muito movimento e notava-se algum número de seguranças acima do normal. 


Estação ferroviária de Nimes



Estação de Nimes, interiores.




Voltámos ao hotel para fazermos o pequeno almoço e preparar o farnel para quando nos desse a fome durante o dia.  


Antes de sairmos de Nimes ainda demos um pequeno passeio pelo centro da cidade e fomos conhecer o monumento mais conhecido em Nimes que é a Arena. A Arena de Nimes é um anfiteatro romano edificado no ano 27 a.C., na actualidade encontra-se remodelado e utiliza-se como Praça de Touros para a celebração de corridas de touros desde 1863 (a Arena de Nimes é sede de duas feiras taurinas por ano), também é utilizada para outro tipo de espectáculos.  recinto tem forma elíptica com 133 metros de comprimento e 101 metros de largura. Está rodeado por 34 arquibancadas, sustentadas por uma construção abobadada. A sua capacidade é de 16.300 espectadores e conta com uma cobertura móvel e um sistema de climatização desde 1989. Construído no tempo do imperador Augusto, à queda da república, o anfiteatro foi fortificado pelos Visigodos e rodeado por uma muralha. Durante os turbulentos anos que se seguiram ao afundar do poder visigodo na Hispânia e na Septimânia, a invasão muçulmana e posterior conquista pelos reis francos (princípios do século VIII), os viscondes de Nimes construíram o seu palácio-fortaleza dentro do anfiteatro. Mais tarde um pequeno bairro desenvolveu-se no seu interior, o qual contava com umas cem moradias e duas capelas. Setecentas pessoas viviam no seu interior no seu momento de maior esplendor. As construções permaneceram no anfiteatro até o século XVIII, quando foi decidida a sua destruição de modo a devolver ao anfiteatro seu aspecto original.






Era hora de nos pormos a caminho, próximo destino Mónaco. Eu já tinha estado no Mónaco em 2014 quando visitei a Suiça, no regresso a Portugal fui lá visitar o primo Alberto.
A viagem de Nimes até ao Mónaco tinhamos decidido que era para andar para chegarmos a tempo de almoçarmos no Mónaco, gente fina é outra coisa, e assim foi, só parámos para meter gasolina e para vermos do alto a tão famosa Cannes, com uma vista sobre o mediterrâneo de cortar a respiração, magnifico mesmo.

Cannes ao fundo

Cannes observada de longe e o Principado do Mónaco é logo ali, assim que atravessámos a espécie de fronteira que há do lado oeste, e nota-se logo a diferença de carros, de casas de tudo que nos rodeia, é impressionante a riqueza financeira de todo aquele lugar.

Mónaco


Parámos as motas e fomos explorar o local a pé, pois só assim conseguimos ver mais alguns promenores que em andamento nos escapa.  


A piscina que há junto à grelha de partida do Grande Prémio do Mónaco estava cheia, as ruas cheias estavam, o movimento era imenso mas na maioria eram curiosos assim como nós. Do meio do ruído natural de uma cidade, de repente, surgia o roncar de um motor de um carro de luxo ou de grande cilindrada que nos fazia sonhar e perguntar como será fazer uma viagem num bicho daqueles. Não sei se trocava viajar naqueles carros ou na minha mota... são gostos.  


E entramos pela marina e contemplámos todos aqueles barcos, alguns com segurança privada e outros luxos que eu nem consigo explicar. 




A fome já apertava e decidimos ir à procura da esplanada onde eu tinha almoçado aquando da minha visita ao Principado. Lá estava ela, com os seus borrifos de água junto ao teto para acalmar o calor que se fazia sentir. Uma pizza para cada um e ficámos muito bem e aproveitámos que a imperial estava em promoção e bebemos uma cada um. Promoção ??? Sete euros e meio uma imperial ....... Quem te mandou vir para o Mónaco almoçar?  




Depois de almoço fomos ver o famoso túnel que faz parte do circuito de Formula 1 durante o Grande Prémio do Mónaco e lá se passeavam, uns senhores "vaidosos", com os seus potentes carros a acelerarem e a fazer barulho que com o eco do túnel, ainda enaltecia mais a potência dos carrinhos. O tempo passava e em cada esquina, cada rua, cada montra nos supreendia mais a vida deste pequeno principado.  


Era hora de arrancarmos e seguirmos o nosso caminho, não foi fácil sair do Mónaco pois consegui enganar-me duas vezes para apanhar a estrada que nos iria fazer entrar pelos Alpes italianos e começar a devorar aquelas curvas magníficas e com uma paisagem não menos deslumbrante.

Adeus Mónaco, até um dia ...

E lá fomos nós em direção à fronteira de Itália, seria o terceiro país no mesmo dia, somos muito viajados. A estrada era magnífica, as curvas do melhor, a paisagem deslumbrante, estávamos a entrar nos Alpes não há nada que enganar, um dia ainda faço os três Alpes, Suíços, Franceses e Italianos, duvido que haja melhor local para se viajar de mota. 



Mas com tanta curva e algum calor, a vontade de beber uma fresquinha apertava, no meio de uma paisagem magnífica e mesmo no meio de uma curva surge um restaurante com um certo estilo e requinte, era mesmo ali que iríamos matar a sede. Era um restaurante com uma vista sobre um vale, um jantar ali ou almoço até nos esquecemos de comer ao olhar para o exterior. Líquidos repostos e vamos embora, estávamos nós a colocar os capacetes, pára um casal com uma mota de matrícula holandesa, com um português muito arcaico diz: "Boa tarde campeões da Europa". Crescemos logo uns valentes centímetros com tal elogio, os kms seguintes até nos pareciam retas com o ego de ser português em alta. Muitos eram os viajantes, de mota, que nos cruzámos naquelas estradas, todos eles nos cumprimentavam à passagem com o conhecido "V" feito com os dedos da mão esquerda. A passagem de França para Itália foi feita por debaixo de terra num túnel já com a marca dos anos, é estranho entrarmos num túnel e estarmos em França e saímos do outro lado e estamos em Itália. 




Túnel atravessado e estamos em Itália, as curvas continuaram, vilas / aldeias com casas com estilo nórdicas a fazer lembrar vilas que conheci na Suiça. Depois de descer a montanha entrámos numa zona de planícies, com o sol a pôr-se nas nossas costas, os Alpes ao longe à esquerda e campos agrícolas à nossa volta.


Andámos mais de 30 kms pelo meio de plantações de milho, o cheiro do mundo rural, dos campos agrícolas era inconfundivel, chegámos a Turim já era noite, parámos as motas em frente ao hotel, deixámos as nossas coisas e fomos à procura de um restaurante para jantarmos e pensarmos no caminho do dia seguinte. 
Um brinde a nós com um rosê da região de Turim !

Amanhã, um dos pontos altos da viagem, a chegada da Ana e da Paula a Milão ...



















































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Voando na Estrada