A cerca de 140 kms de Lisboa, fui encontrar a Mina do Lousal.
A Mina do Lousal e a respectiva aldeia mineira correspondem a um antigo couto mineiro explorado desde o final do século XIX. Fica situada na freguesia de Azinheira dos Barros e pertence ao concelho de Grândola. Peguei na mota e saí cedo de Lisboa, apanhei a A2 até ao nó da Marateca e depois segui sempre pelo IC1 até ao cruzamento que nos indica Mina de Lousal, um pouco a seguir à saída para Azinheira dos Barros, é um trajeto que se faz bem pela estrada nacional e de manhã há pouco transito.
Ao chegar à mina a sensação que ficamos é que se parou no tempo, a nossa imaginação leva-nos a imaginar de como seria a vida daquela gente e da mina no seu auge.
A mina de Lousal fica situada no extremo noroeste da Faixa Piritosa Ibérica, onde se situam igualmente as minas de Canal Caveira, Aljustrel, Neves Corvo e São Domingos, prolonga-se em Espanha para além das minas de Riotinto.
Torre que sustentava o elevador por onde o material saía e entrava na mina |
Torre do elevador por onde os mineiros desciam para a mina |
Embora a região tenha sido povoada desde a Idade do Cobre, como atestam os monumentos megalíticos, é no final do século XIX que se inicia a moderna exploração da mina.
Durante a década de quarenta a aquisição das Minas do Lousal e das Minas da Caveira por Antoine Velge, presidente da SAPEC de Setúbal, empresa de fabricação da adubos químicos, conduz ao incremento dos trabalhos mineiros.
É durante os anos cinquenta, sob a direcção de Frédéric Velge e Gunter Strauss que esta mina de pirite se vai tornar numa das mais modernas de Portugal.
Na aldeia mineira de Lousal foi construído um hospital, escolas e farmácia para os seus habitantes que na grande parte eram trabalhadores na mina, assim tinham logo os bens essenciais e de primeira necessidade na aldeia e não tinham que se deslocar a Grândola para resolver problemas essencialmente de saúde, o que para a época era um "luxo", isto só mostra o quão era difícil e duro o trabalho na mina. Os trabalhadores que conseguiam chegar aos cinquenta anos eram reformados.
Símbolo da mina |
Com a crise da produção industrial de enxofre, devido à retirada gratuita do enxofre nas plataformas de petróleo, nos anos oitenta, as minas da faixa piritosa vão sucessivamente encerrando. Em 1988, foi encerrada a extracção no Lousal.
Com o encerramento da mina a aldeia entra em decadência até que, no início dos anos noventa, a Câmara Municipal de Grândola e a Fundação Frédéric Velge iniciam um programa de revitalização do Lousal (RELOUSAL). O programa tem por base a criação de uma nova espacialização territorial assente no turismo cultural, com reforço da identidade mineira.
Esta mina tem a primeira galeria que foi explorada, aberta ao pública para a podermos visitar e termos uma melhor noção do que era a vida de um mineiro. As restantes galerias foram entulhadas para não haver acidentes com pessoas curiosas que poderiam entrar e pôr em risco a sua vida.
No percurso até à entrada da mina, ainda podemos observar duas lagoas, uma com a cor verde e outra de cor vermelha, estas lagoas eram buracos com cerca de 30 metros de profundidade que com o passar do tempo foram ficando inundados. A lagoa de cor vermelha é proveniente de nascentes que existiam dentro da mina e devido à contaminação fica com esta cor, em dias de pouco vento, como o dia em que visitei a mina, consegue-se ver bolhinhas de ar provenientes das nascentes que sobem desde as profundidades da mina até à superfície.
Lagoa verde |
Lagoa vermelha |
Ao entrar na mina vamos encontrar uma imagem de Santa Barbara, padroeira dos mineiros. Os mineiros antes de irem para o interior pediam sempre a protecção à sua padroeira, ao pé da imagem está um quadro onde eles penduravam uma chapa com o seu nome para assim saberem quem estava no interior da mina e se na altura de saírem para o merecido descanso, saiam todos. Na entrada recebiam também uma "lanterna" porque dentro da mina não havia eletricidade.
Os martelos pneumáticos que os mineiros usavam |
Interior da mina |
Na altura em que a mina estava ativa existiam uns carris por onde passavam as vagonetes com as pirites para o exterior, hoje e para ser mais fácil a visita, esses carris já não se encontram nas galerias conforme se pode observar na fotografia em cima.
Eu disfarçado de mineiro :) |
Quando não souberem o que visitar, venham até ao Lousal pois vão ficar surpreendidos como eu fiquei. Junto à mina existe também o Museu Mineiro do Lousal e o Centro de Ciência Viva. Se tiverem fome também há um belo restaurante num antigo armazém da mina.