Itália / Sardenha 2022 EP1

Lisboa - Logroño - Canfranc - Lourdes - Toulouse

Dia 1

E o dia da partida tinha chegado, 9 de Julho. Estava uma manhã quente e adivinhava-se um dia com muito sol e as temperaturas a subir até aos 40 graus, atravessar Espanha com este calor não se adivinhava tarefa fácil, mas "Faz Parte da Aventura" 

 Mota atestada, e eu tomava o café na Galp da Encarnação, local de partida para tantas viagens e aventuras. Observava do lado de dentro a minha companheira de viagem que parecia dizer: "demoras muito ?

 

 De Lisboa até Roma iria viajar sozinho, a Ana iria ter comigo a Roma e a partir daí seriamos dois nesta aventura e quando chegássemos à Sardenha passaríamos a cinco. 

 

Saí de Lisboa pela famosa A1 em direção a Fátima onde fiz a primeira paragem, tinha como ideia levar uma vela do Santuário de Fátima e acender no Santuário de Lourdes em França. 

Vela comprada, orações feitas e siga viagem que o calor ja começava apertar. Continuei viagem pela A23 e rapidamente cheguei à fronteira de Vilar Formoso. Junto a Salamanca a Toura chegava à linda marca dos 100 mil kms percorridos. Ainda está uma jovem e é a rolar e em viagens grandes que mais se tira partido desta mota maravilhosa, muito satisfeito com a esta mota. 

E lá continuei Espanha a dentro e perto de Tordesilhas era hora de ir à top case e tirar o Farnel para se matar a fome, hoje não era dia visitar, era sim dia de andar para se chegar a Logroño.

Barriga aconchegada, café tomado e siga que ainda tinha mais 300 kms para fazer até à cidade onde iria dormir. Nós portugueses quando queremos viajar de carro ou de mota temos este grande problema, o primeiro dia de viagem e o último é só andar e andar para atravessar o nosso pais vizinho, ainda por cima é enorme. E de tanto andar e com o sol apertar perto de Burgos tive que fazer uma paragem técnica dedicada à hidratação. Ehehehehe

Eram perto das 19 horas quando finalmente cheguei a Logroño, iria ficar num hotel à beira da estrada com um grande parque cheia de camiões e a minha mota lá ficou no meio daqueles monstros. Estava cansado, comi qualquer coisa que ainda restava do farnel e deitei-me, amanhã teria cerca de 500 kms para fazer, iria atravessar um pouco dos Pirineus e acabar o dia em Toulouse. 

Dia 2

Acordar cedo pois hoje já haveria alguma coisa para visitar. Ao lado do hotel havia uma estação de serviço, aproveitei para abastecer a mota e tomar o pequeno almoço, seguir viagem e entrar nos Pirineus. 

A primeira paragem seria em Canfranc, já ando a algum tempo para visitar esta estação ferroviária que chegou a ser a maior da Europa e tem uma beleza única. Fica situada num vale junto da fronteira entre Espanha e França. 

Foi ocupada durante a Segunda Guerra Mundial, porém foi um descarrilamento e não os nazis que ditou o fim de Canfranc. A estação de comboios nos seus tempos áureos foi uma das mais importantes estações de comboio do mundo. 

Inaugurada em 1928, a estação ferroviária foi uma das principais ligações entre França e Espanha. Durante a guerra civil de Espanha o local esteve encerrado, durante a Segunda Guerra Mundial foi ocupado pelos nazis. Apesar de Espanha se ter mantido neutra durante o conflito, Hitler quis apoderar-se do local por ser um importante ponto estratégia. No início da guerra foi utilizada para transportar o ouro saqueado na Europa, no final para ajudar os oficiais nazis a fugir. 

Nos anos 50 e 60, Canfranc funcionou normalmente. Em 1960, porém, uma locomotiva a vapor saltou dos carris. Apesar de ninguém ter morrido, a estação ficou abandonada desde então. 

Tive azar, pois a estação encerrada para obras, depois de anos de promessas, percalços e alguns avanços, as obras de reconversão para hotel da Estação Canfranc arrancaram. No final de 2022 deverão estar concluídas, o que quer dizer que o espaço abandonado há décadas estará pronto para receber uma luxuosa e incrível unidade: 51 anos após o fecho do mítico espaço e da ligação ferroviária internacional através dos Pirenéus.

Aproveitei um supermercado que havia em frente à estação para comprar qualquer coisa para comer e fazer um pic nic mais mais tarde, possivelmente já por terras francesas.

Top case atestada e vamos para a estrada que as curvas dos Pirinéus esperam por mim. Saindo de Canfranc sigo por uma estrada junto a um rio e passado uns kms começo a subir e num intercalado de curvas e contra curvas até que chegando ao topo temos a fronteira entre Espanha e França.

Após atravessar a fronteira começo a descer mas as curvas mantêm-se, a estrada é boa e é um sonho para qualquer motociclista. A beleza da zona à nossa volta é imensa, o tráfego é reduzido, por isso podemos parar uma ou outra vez para observar um ou outro pormenor com mais atenção.

E depois de mais uma paragem ara contemplar a beleza desta zona continuei por estas magnificas estradas, de quando em vez passava por aldeias que faziam lembrar um pouco as aldeias nos Alpes da Suiça, não tão belos mas dava gosto passar por eles e ver alguns animais pelos campos. 

Estava quase a chegar a Lourde, era hora de procurar uma sombra e almoçar e aproveitar toda aquela natureza no seu esplendor. 

Após o almoço, continuei em direção ao Santuário de Lourdes, o caminho levava-me por estradas rurais por entre campos onde o verde predominava embora estivéssemos em pleno verão e com bastante calor. E no meio daquele verde chego a Lourdes, encontro um canto para estacionar a mota e o que encontro ? Uma excursão de portugueses, grande festa que eles fizeram quando viram ali um português sozinho de mota. 

Ao entrarmos no Santuário, a paz e algo mais forte que nós invade a nossa alma e o nosso corpo, sente-se algo de especial naquele lugar.

No centro do Santuário existem duas Basílicas, a principal é dedicada a Nossa Senhora do Rosário de Lourdes, esta Basílica foi construída de 1883 a 1889 e consagrada em 1901 mais tarde cerca de 50 anos depois foi construída por debaixo desta a imensa Basílica dedicada a São Pio X.

Entrada da Basílica de São Pio X

Interior da Basílica de São Pio X

Ao subirmos as escadas exteriores, chegamos ao adro da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Lourdes, daí consegue-se ver em baixo o rio que atravessa o vale e sobre o lado esquerdo ainda se vê os bancos em frente à gruta onde Nossa Senhora aparecia.

Estando no varandim que fica em frente à basílica temos uma vista sobre o enorme terreiro do santuário.

Interior da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Lourdes

Capela do Santíssimo

Voltamos a descer e contornando as basílicas pela esquerda chegamos à gruta onde Nossa Senhora aparecia. No ano de 1858 entre 11 de Fevereiro e 16 de Julho, uma camponesa de 14 anos chamada Bernadette, teve uma visão de Nossa Senhora enquanto brincava num riacho com a sua irmã.  A imagem de Nossa Senhora aparecia sempre num nicho por cima da cavidade da gruta, onde crescia uma roseira selvagem. A Virgem dizia sempre, "vão e bebam da fonte", "vão e digam aos padres que construam aqui uma capela" e "façam o povo vir aqui em procissão".

O interesse público pelas aparições cresceu, visitantes e curiosos começaram a ser substituídos por peregrinos atraídos pelas aparições e por milagres.

Três anos após as primeiras aparições começaram a modificar a zona para torná-la mais acessível aos visitantes iniciaram-se as obras de construção da primeira igreja.

A gruta das aparições 

A minha velinha, um pouco torcida devido ao calor da viagem, trazida desde o Santuário de Fátima lá ficou no meio das outras um pouco diferentes.

Fora do Santuário o ambiente que se vive é muito parecido com o do Santuário de Fátima, muitas loginhas para se comprar artigos religiosos, recordações para levarmos para os amigos etc. etc.

Mais um local que há muito gostava de visitar estava "check", quem sabe um dia não volte a Lourdes, agora era hora de ir ter com a minha Toura e concluirmos o resto do dia até Toulouse.

Ao longo do percurso continuei por zonas rurais e estradas nacionais, até que cheguei a uma zona com grandes plantações de girassóis, tornava a paisagem lindíssima, deixávamos de ter o verde como cor dominante como ate aqui e passou a ser o amarelo a mandar naquelas paisagens.

E ao fim do dia cheguei à cidade de Toulouse, foi atravessar a cidade e ir direto ao hotel, estava cansado e tinha mais uma grande tirada no dia seguinte, pois iria atravessar todo o sul de França ate Génova já em Itália. Era hora de descansar para no dia seguinte continuar esta aventura ...

Continua ...