Nos muitos passeios que já fiz pela Serra da Arrábida, num deles fui à descoberta da gruta onde está a capela dedicada a Sta. Margarida.
Pela pesquisa que eu já tinha feito sabia que o acesso até lá ficava perto da Casa do Gaiato no início da descida para o Portinho da Arrábida. E lá estava, mesmo em frente há um caminho particular e do lado esquerdo um trilho no meio da vegetação. Aí começam umas escadas que descem até à gruta. Os muitos degraus são irregulares e não estão em muito bom estado, no entanto, o acesso é relativamente fácil.
A meio do caminho começa-se a ver uns pontos azuis até avistar o azul turquesa tão característico do mar da Arrábida.
Quando o trilho termina, surge um pequeno terraço e ficamos com o mar à nossa frente e atrás uma falésia coberta de vegetação e uma pequena abertura com umas escadas.
Desci as escadas e entrei na gruta. Os olhos têm de se habituar à escuridão, a luz vem apenas da entrada e de uma outra abertura diretamente para o mar. No centro da gruta está a capela dedicada a Sta. Margarida. Ao chegar à gruta, cruzei-me com um casal ainda novo com mochilas e cabelos cheios de rastas, modernices, e ao que tudo indica tinham ali passado a noite. Uma coisa é certa, é preciso ter muita coragem e gostar muito destes locais mais misteriosos.
A capela foi construída no século XVIII e teve em tempos imagens de Nossa Senhora da Conceição, Santo António e Santa Margarida. As duas primeiras foram roubadas, já aquela que dá nome à lapa está agora guardada no Convento da Arrábida. O altar conta, no entanto, com várias figuras religiosas, velas, flores, fotografias, potes e objetos pessoais que são levados por visitantes. Alguns itens, como bonecos e pratos, surgem também, tudo leva a querer que o lugar é usado para rituais não católicos e outras coisas ...
Diz a lenda que um navio de pescadores, em fuga de um navio pirata embateu com algumas rochas perto da costa e afundou perto desta gruta. Os pescadores, apercebendo-se da presença grotesca deste abrigo, esconderam-se aqui. Salvaram-se todos! O altar foi erguido como forma de agradecimento. .
A gruta tem cerca de 20 metros e mais duas salas pequenas. De um lado vê-se o mar, do outro há um túnel secreto que, segundo outra lenda, leva ao Convento de Nossa Senhora da Arrábida. Quando nos viramos para o mar e estando no fundo junto à capela o som que nos chega é maravilhoso. Tenho pena de não ter gravado o som, fica para uma próxima visita.
E ao caminhar em direção ao mar, ficamos com um dos paraísos da terra à nossa frente.
As águas são tão cristalinas que se vê os peixes na perfeição
Ficava ali o resto do dia a tirar fotografias, dava a sensação que ainda não tinha tirado a tudo, havia sempre algo novo que ainda não tinha fotografado.
Mas assim que começamos a ser engolidos pela gruta, tudo se transforma.
O espaço está atualmente vandalizado, há grafites nas paredes e no altar e algum lixo no chão. Mas o som das ondas a bater nas rochas, a pouca luz que impera na gruta e as velas, por vezes acesas, contribuem para o misticismo deste lugar. As suas estalactites e estalagmites também foram sendo partidas por turistas egoístas que queriam uma recordação do local. Ainda é possível ver algumas, mas cobertas por teias escuras que lhe tapam o brilho de outros tempos.
A saída faz-se pelas mesmas escadas, numa simbólica subida em direção à luz.
Não deixem de visitar este lugar magnifico e cheio de mistério, eu vou voltar de certeza.
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